Vickers VC.1 Viking

A Vickers Limited foi fundada em 1828, em Sheffield, por Edward Vickers como uma empresa de fundição de aço. Após a morte de seu fundador, a empresa entrou em uma crise financeira que foi resolvida em 1927, após a fusão com a Sir WG Armstrong Whitworth & Company, formando a Vickers-Armstrongs. A Vickers havia iniciado o seu departamento de aviação em 1911 e tornou-se uma das pioneiras na produção de aviões de passageiros, além de também produzir aeronaves militares. Após a Segunda Guerra Mundial, a Vickers aproveitou o projeto do bombardeiro Vickers Wellington e começou um projeto para transformá-lo numa aeronave comercial. O Vickers VC.1 Viking (Vickers Commercial 1) era um bimotor a pistão de curto alcance, capaz de transportar até 21 passageiros. Para a versão comercial, a Vickers projetou uma fuselagem inteiramente nova, toda em metal. As asas e a cauda da aeronave eram revestidas de tecido. As primeiras unidades foram entregues para a BOAC e BEA, em 1945.
A primeira modificação realizada na aeronave foram as asas e cauda de metal reforçado. Essa versão ficou conhecida como Viking 1A. Em 1947 foi lançado uma versão com fuselagem mais longa e motores atualizados, o Viking 1B, também conhecidos como "Long Nose". Em 1948 um dos Viking 1B foi modificado para testes com motores turbojatos Rolls-Royce Nene I. Também foi nesse ano que começou a ser produzido o sucessor do Vickers Viking, o Vickers Viscount.
Os Vickers Viking foram operados principalmente por companhias aéreas do Reino Unido, África do Sul e Índia, muitas vezes substituindo o DC-3. A partir dos anos 50, o Vickers Viscount foram os preferido para substituir os Vickers Viking, que foram repassados para companhias aéreas menores ao redor do mundo.

 
 


Mike Freer - Touchdown-aviation

Construídos:
Viking 1: 19
Viking 1A: 14
Viking 1B: 130
 

 

Origem: Inglaterra
Produção: 1945-1954
Comprimento: 19,79 m / 19,86 m (B)
Envergadura: 27,20 m
Altura: 5,97 m
Peso da aeronave: 10 toneladas
Peso máximo de decolagem/pouso: 15 toneladas
Capacidade de combustível: 3,4 mil litros
Motores: 2x Bristol Hercules 634
Velocidade de cruzeiro: 340
km/h
Velocidade máxima: 420
km/h
Altitude de cruzeiro: 7,6 km
Pista mínima para decolagem: 0,8 km
Passageiros: 21 a 24 / 27 a 36 (B)
Primeiro voo: 22 de junho de 1945

Concorrentes:
Convair 240, Curtiss C-46, HS-748, Fokker 27, Saab 90, Dart Herald, Martin 4-0-4, Saab 90, YS-11
Alcance: 2.700 km

Companhia Lançadora: British European Airways

 

 

 

Vickers Viscount 700/800

Após o sucesso do Vickers Viking, o próximo passo da fabricante foi um projeto para uma aeronave utilizando os novíssimos (na época) motores turboélice. O projeto começou em 1943 e previa uma aeronave baseada no VC.1 Viking, equipada com quatro motores turboélice e capaz de levar 28 passageiros, inicialmente denominada Vickers VC-2 ou Type 453. O projeto também previa uma fuselagem de bolha dupla para dar espaço extra de carga, porém conforme o projeto avançou ficou evidente que a aeronave precisaria ser pressurizada e uma fuselagem simples foi definida. A British European Airways, que também participou do projeto, solicitou o aumento da capacidade para 32 passageiros. As mudanças no projeto culminaram no Type 630, que inicialmente seria chamado de Viceroy. Porém seu nome foi alterado para Viscount. O primeiro protótipo foi construído em 1948, mas a British European Airways achou a aeronave pequena e lenta demais. Mesmo assim o Type 630 recebeu um certificado de aeronavegabilidade, em julho de 1950, sendo colocada em testes pela British European Airways. No dia 29 de julho de 1950 ocorreu o primeiro voo regular com passageiros pagantes com uma aeronave movida a turbina, entre Northolt e Paris.
Em março de 1950 um novo protótipo foi construído, batizado de Type 663, com motores mais potentes. Em agosto de 1950 voou pela primeira vez o Type 700, com os motores da versão 663, mas com maior capacidade de passageiros, sendo finalmente a versão de produção.
As qualidades de um turboélice logo ficaram evidentes, como uma velocidade de cruzeiro superior e nível de ruído muito menor do que os modelos a pistão, além de menos vibração na cabine. As janelas da cabine do avião também chamavam atenção por serem grandes e em formato oval.
Os voos regulares de passageiros foram lançados pela British European Airways em abril de 1953. Não demorou muito tempo para a primeira aeronave turboélice do mundo achar interessados em todo o mundo, fazendo do Vickers Viscount uma das aeronaves mais bem-sucedidas no pós Segunda Guerra Mundial. De 1952 para 1954 a carteira de pedidos do Vickers Viscount 700 aumentou de 42 para 160! Algumas unidades foram denominadas Type 700D por causa dos motores Dart 510.
Com o sucesso da aeronave, a Vickers lançou uma versão maior em 1954, inicialmente denominada "Super Viscount". A nova versão possuía fuselagem alongada, e realocação do espaço interno, permitindo a acomodação de mais passageiros. Essa versão também tinha novos motores mais potentes e portas retangulares, ao invés de ovais. A nova versão foi renomeada para Vickers Viscount 800, sendo mais uma vez a British European Airways a primeira a operar.
Em dezembro de 1957 decolou o primeiro Vickers Viscount 810, equipado com novos motores mais potentes, garantindo maior velocidade e maior alcance, além de mudanças estruturais.
O sucesso da aeronave encorajou a Vickers a produzir um sucessor para o Viscount, o Vickers Vanguard, lançado no final dos anos 50.
No Brasil, o Viscount foi a principal aeronave da Vasp nos anos 60 e a primeira aeronave à reação do Brasil. A Vasp anunciava o Viscount como a "primeira aeronave a jato do Brasil" e recebeu a primeira unidade em outubro de 1958. As primeiras unidades da Vasp eram da versão 800 e logo fizeram sucesso entre os passageiros, trazendo novidades como cabine pressurizada, maior velocidade e música a bordo. Quando foi introduzido, o Viscount era a aeronave comercial mais rápida em operação no Brasil e a sua velocidade superior diminuía a duração dos voos, tornando possível pela primeira vez que a rota Rio de Janeiro - Manaus fosse feita em apenas um dia. Após a aquisição da Lóide, a Vasp adquiriu mais Viscount, porém dessa vez da versão 700. Os Viscount 700 substituíram os Scandia na Ponte Aérea Rio - São Paulo e foram os últimos modelos na rota antes do monopólio dos Electras II. Os Viscount operaram na Vasp até 1975, quando a última unidade foi aposentada.

Operadoras no Brasil: Vasp
 
 


Vito Cedrini

Modelo: Construídos: Acidentados:
Viscount 630 2 2
Viscount 700 289 92
Viscount 800 154 53
TOTAL: 445 147
 

Origem: Inglaterra
Produção: 1948-1963
Comprimento: 24,96 m / 26,11 m (800)
Envergadura: 28,56 m
Altura: 8,15 m
Peso da aeronave: 18 toneladas (800)
Peso máximo de decolagem/pouso: 27/26 toneladas / 32/29 toneladas (800)
Capacidade de combustível: 61, mil litros / 8,6 mil litros (800)
Motores:
700: 4x Rolls-Royce Dart RDa3
700D: 4x Rolls-Royce Dart RDa6 Mk510
800: 4x Rolls-Royce Dart RDa6 Mk510 ou RDa7 Mk520
810: 4x Rolls-Royce Dart RDa7 Mk525
Velocidade de cruzeiro: 511 km/h / 525
km/h (800) / 536 km/h (810)
Velocidade máxima: 5
75 km/h
Altitude de cruzeiro: 7,6 km
Pista mínima para decolagem: 0,9 km
Passageiros: 44 a 56 / 67 a 85 (800)
Primeiro voo: 16 de julho de 1948

Concorrentes: Douglas DC-6, Lockheed Electra II

Alcance: 27
78-2834 km / 3575 km (com tanques extra)
Companhia Lançadora: British European Airways

Comparar com outras aeronaves

 

 

 

Vickers Vanguard 950

Desde 1953 a Vickers e a British European Airways já estudavam um sucessor para o bem sucedido Vickers Viscount. O projeto previa uma aeronave capaz de transportar 100 passageiros e com maior capacidade de carga, velocidade de cruzeiro e alcance. A primeira proposta da Vickers foi o Type 870 "Viscount Major", Porém o projeto precisou de algumas revisões para atender aos pedidos da British European Airways e também da Trans Canada Airlines. A versão final para venda foi o Type 950, batizado de Vickers Vanguard (ou VC9), com maior capacidade de carga e de passageiros do que o Type 870. Além de mais comprido, o Vanguarder tinha uma fuselagem mais larga do que o Viscount, dando uma sensação de mais espaço ao mesmo tempo que a aeronave era capaz de transportar maior quantidade de carga. Os novos motores  Rolls-Royce Tyne permitiram que a aeronave fosse capaz de voar mais alto e mais veloz do que o seu antecessor.
O Vickers Vanguard entrou em operação em dezembro de 1960 pela British European Airways, operando entre Londres e Paris.
Apesar do interesse, a Trans Canada Airlines ainda não estava totalmente convencida que o Vanguard seria a aeronave ideal para a sua frota. Para convencer a companhia, a Vickers lançou uma nova versão chamada Type 952, com motores mais potentes e reforço na fuselagem e asas, sendo capaz de transportar até 139 passageiros em classe única. A versão finalmente convenceu a companhia aérea canadense a encomendar a aeronave. Interessada na economia de custos que uma versão de maior densidade poderia oferecer, a British European Airways também pediu uma modificação para a Vickers. Em julho de 1957 a fabricante lançou o Type 953, aplicando as mesmas modificações do Type 952 na versão base Type 951, o que permitiu que a British European Airways aumentasse o número de assentos de suas aeronaves.
Apesar do seu baixo custo operacional, o Vickers Vanguard foi lançado em pleno surgimento dos jatos comerciais. As companhias aéreas sabiam que os passageiros davam muito mais valor para viagens longas com jatos do que turboélice, mesmo que a passagem custasse mais caro. A consequência foi que as companhias aéreas não se interessaram pelo Vanguard, que vendeu poucas unidades. A Vickers então se convenceu que o futuro eram os jatos e encerrou a produção do Vanguard em pouco tempo. A aeronave conseguiu uma sobrevida no mercado de carga, sendo operado por mais de 30 anos nesse segmento. A versão convertida para cargueiro ficou conhecida como Type 953C Merchantman.

 
 


Richard Vandervord

Entregues: 44

 

Origem: Inglaterra
Produção: 1959-1962
Comprimento: 37,45 m
Envergadura: 36,14 m
Altura: 10,64 m
Peso da aeronave: 38 toneladas
Peso máximo de decolagem: 64 toneladas
Motores: 4x Rolls-Royce Tyne Mk512
Velocidade de cruzeiro: 676
km/h
Velocidade máxima: 684
km/h
Passageiros: 99 a 122
2 Classes: 93 a 127
1 Classe: 108 a 139
Primeiro voo: 20 de janeiro de 1959
Concorrentes: Douglas DC-7, Bristol Britannia
Alcance: 2945
km
Companhia Lançadora: British European Airways

 

 

 

Vickers VC10

A história dessa aeronave começa em 1951, quando o governo britânico solicitou que a Vickers produzisse um novo jato militar. A BOAC acabou se interessando no projeto e pediu para a Vickers transformá-lo em uma aeronave comercial, o Type 1000. Mas o governo abortou a idéia, pois estava receoso em patrocinar outra aeronave britânica, já que o Bristol Britannia estava atrasado e o Comet havia sofrido vários acidentes.
Em 1956 a BOAC encomendou quinze Boeing 707, mas eles acabaram tendo a performance reduzida em alguns destinos na África devido a grande altitude e temperaturas elevadas. Foi ai que a Vickers apareceu com o projeto do VC10 (Type 1100), feito exatamente para esse tipo de rota. O VC10 foi projetado para ser um jato de longa distância e capaz de suportar o calor e a altitude dos aeroportos africanos. Para isso a aeronave foi projetada com uma grande asa e a incomum configuração de quatro motores na traseira da aeronave, que mantinham as asas livres e mais eficientes, além de reduzir o ruído na cabine e garantir que os motores ficassem mais distantes do solo, um fator importante nas pistas irregulares comuns na África na época. O VC-10 era capaz de pousar e decolar em velocidades mais baixas do que o 707 e seus motores podiam produzir mais empuxo. Os aviônicos e a tecnologia do cockpit eram avançados para a época, que possuía um sistema quadruplicado de controle de voo.
Em 1960 a Vickers foi fundida com outras fabricantes de aeronaves no Reino Unido, formando a BAC (British Aircraft Corporation). Mesmo assim o projeto continuou sendo chamado de Vickers VC10.
O VC.10 foi lançado em abril de 1964 pela BOAC, na rota Londres - Lagos, e logo se tornou uma aeronave popular na companhia. Outras companhias que se interessaram pelo modelo foram basicamente do Reino Unido, África e Oriente Médio.
Em pouco tempo a Vickers anunciou uma versão maior, chamada de "Super VC10" (Type 1150), capaz de levar mais passageiros, com maior capacidade de combustível e motores mais potentes. O Super VC-10 também foi lançado pela BOAC, em abril de 1965, na rota Londres - Nova York. O VC10 foi o jato subsônico que mais rápido cruzava o oceano Atlântico. Entretanto o VC10 não conseguiu muitas vendas. Apesar de suas vantagens, o VC10 surgiu muito tempo depois que o B707 e custava mais caro para operar. Além das companhias aéreas britânicas, apenas poucos clientes que operavam em regiões especificas, onde o VC10 tinha mais vantagem, se interessaram pelo modelo.
Entre abril de 1964 e 1973 a BUA operou o VC10 entre Londres e Rio de Janeiro, com dois voos por semana. Posteriormente a rota passou a ser operada com o Boeing 707.
A Vickers também ofereceu uma versão Combi (metade para passageiros e metade para carga), Type 1103, em outubro de 1964. A fabricante também conseguiu vendas consideráveis com a versão militar, Type 1106 VC10 C Mk.1. A Vickers também chegou a propor o VC11, uma versão menor, para BEA. Mas esta preferiu o Trident da Hawker Siddeley.
Com a crise do petróleo de 1973 o VC10 se tornou ainda menos lucrativo para as companhias aéreas que operavam o modelo, que começaram a aposentar o tipo.

 
 


Alex Christie

Entregues: 54

 

Origem: Inglaterra
Produção: 1962-1970
Comprimento: 48,36 m / 52,32 m (Super VC10)
Envergadura: 44,55 m
Altura: 12,04 m
Peso da aeronave: 63 toneladas / 71 toneladas (Super VC10)
Peso máximo decolagem/pouso: 141/98 toneladas / 152/107 toneladas (Super VC10)
Capacidade de combustível: 81,5 mil litros / 87,9 mil litros (Super VC10)
Motores: 4x Rolls-Royce Conway Mk. 301 ou 4xRolls-Royce Conway 540 / 4x Rolls-Royce Conway Rco.43 Mk.550 (Super VC10)
Empuxo: 38-40 (4x 9,5-10) tonf
Velocidade de cruzeiro: 892-907 km/h
Velocidade máxima: 950 km/h
Altitude de cruzeiro: 13 km (43 mil pés)
Pista mínima para decolagem: 2,5 km
Passageiros: 109-135 / 139-163 (Super VC10)
2 Classes: 109-125 / 139-150 (Super VC10)
1 Classe: 135-151 / 163-174 (Super VC10)
Primeiro voo: 29 de junho de 1962
Concorrentes: Boeing 707, Douglas DC-8, Convair 990
Alcance:
8574-10112 km / 8278-11224 km (Super VC10)
Companhia Lançadora: BOAC

 

 

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