Britten-Norman BN-2 Islander

A Britten-Norman foi fundada em junho de 1954, por John Britten e Desmond Norman. Os dois estavam trabalhando com pulverização de colheitas com o de Havilland Tiger Moth para fazer o trabalho. Após a experiência com o Tiger Moth, os dois começaram a se interessar pelo desenvolvimento de aeronaves. O primeiro projeto foi o Britten-Norman BN-1 Finibee, um ultraleve monomotor. Apesar de tentarem acordo com várias empresas aeronáuticas, ninguém se interessou pela a aeronave e apenas uma unidade foi produzida. O próximo projeto foi o Britten-Norman BN-2 Islander, um avião bimotor barato que pudesse operar em pistas de pouso curtas e acidentadas e também ser usada para voos comerciais.

Ficou decido que o grande diferencial do BN-2 seria a sua capacidade de carga útil, maior do que seus concorrentes. Para reduzir os custos de fabricação, o Islander mantém superfícies com espessura constantes e nervuras da asa idênticas. Além disso sua estrutura foi projetada para gerar e experimentar baixos níveis de estresse, com monocoque de liga leve, tornando-a uma aeronave resistente ao tempo. As primeiras aeronaves eram equipadas com motores a pistão, enquanto os modelos de produção posteriores podem ser alternativamente equipados com motores turboélice. A cabine pode ser rapidamente reconfigurada, permitindo que uma única aeronave realize uma ampla gama de tarefas em um período curto de tempo. Por esse motivo o Islander ficou conhecido como "a aeronave mais versátil do mundo". As suas várias configurações de cabine atendem a uma ampla variedade de finalidades, incluindo voos fretados, voos regulares, usos agrícolas, combate a incêndios, transporte executivo, vigilância aérea, ambulância aérea e paraquedismo. Adicionalmente o BN-2 oferece baixos custos operacionais e pouca necessidade de manutenção. Para operar em ambientes com restrições de ruído, o BN-2 pode ser equipado com silenciadores. Por fim o Islander pode ser totalmente personalizado, permitindo cada cliente moldá-la de acordo com suas preferências, tais como portas maiores, interior básico ou elaborado, assentos de couro, sistema de entretenimento e configurações de assentos alternativos.

Os protótipos do Islander (BN-2) foram equipados com motores menos potentes que a versão para venda (BN-2A). Em abril de 1967 o primeiro Islander de produção realizou seu primeiro voo. Os motores mais potentes ficaram localizados mais para o fim das asas, garantindo desempenho superior de subida monomotor. Ainda em seu primeiro ano de produção o número de encomendas ultrapassou 100 unidades. Em 1974 um novo recorde, as encomendas chegaram a 550! Com tantos pedidos, a fábrica da Britten-Norman em Bembridge não era capaz de produzir a uma taxa suficiente para atender à demanda. Para expandir a produção, um contrato foi fechado com IRMA da Romênia. A IRMA foi bem-sucedida na produção e se tornou o principal local de fabricação do Islander. Ao longo dos anos o BN-2A Islander sofreu diversas melhorias e modificações tais como melhorias aerodinâmicas, interior aprimorado, maior área de bagagem, nariz alongado para acomodar mais bagagem, motores mais potentes, menos ruído, reforço estrutural, melhor desempenho em regiões quentes e altas, flaps modificados, envergadura aumentada, tanques de combustível extras nas pontas das asas, maior peso de decolagem e a possibilidade de equipar a aeronave com flutuadores para pouso na água.

Em 1970 a versão militar BN-2B "Defender" realizou seu primeiro voo. O Defender foi baseado no Islander e tem uma fuselagem maior, mais tanques de combustível e pode ser equipado com bombas, mísseis, cápsulas de metralhadoras, cápsulas de foguetes, sinalizadores, sensores e outros suprimentos. O Defender aproveitou a estrutura robusta para se tornar adequada em operações de longo prazo. O sucesso das vendas do BN-2B fez a fabricante lançar uma versão mais potente BN-2T "Turbo Islander", em 1980, equipado com motores turboélice. 

Apesar do sucesso das vendas, a Britten-Norman não ficou imune a crises. A empresa passou por várias mãos. O primeiro foi o grupo Fairey Aviation que adquiriu a Britten-Norman em 1973. Após problemas financeiros na Fairey, a empresa foi vendida para a Oerlikon-Bührle em 1978. A Oerlikon-Bührle vendeu Britten-Norman para Litchfield Continental Biofarm Inc em 1998. Em 2000 o Grupo BN adquiriu a Britten-Norman.

Em 1982 foi entregue o milésimo Islander. Porém a partir da década de 1980, as vendas diminuíram consideravelmente, parte devido a saturação do mercado com esse tipo de aeronave e a longevidade dos Islander - que foi usada para ganhar vendas - agora atrapalhava a venda de novas aeronaves para substituir as antigas. Companhias aéreas de quase todo o mundo operaram o Islander, desde Reino Unido, passando por França, Alemanha, Grécia, Islândia, atravessando o Atlântico para EUA, Canadá, Belize, Brasil e indo mais longe ainda para Austrália, Vanuatu, Indonésia e Bahrein. Isso sem contar os clientes da versão militar.

No Brasil o Islander foi a primeira aeronave da VOTEC com voos regulares regionais. O Islander já estava presente mesmo antes do inicio dos voos regulares, eles já faziam parte da VOTEC taxi aéreo. A VOTEC conseguiu um rápido crescimento graças a transferência de parte dos 15 Islander da divisão de táxi aéreo para o serviço dos voos regionais. Assim a companhia logo se tornou a segunda maior regional do país em número de passageiros transportados. Um total de 6 Islander foram transferidos para os voos regulares ainda em 1976. Apesar de bem recebida pela maioria dos passageiros, a reclamação mais comum sobre a aeronave no Brasil eram os seus motores barulhentos. As primeiras rotas dos Islander no Brasil foram entre Goiânia, São Simão, Uberlândia e Aragarças. Com a chegada de mais Bandeirantes, os Islander passaram a ficar baseados em São Luis, com voos para São Bento, Barra do Corda, Barreirinhas, Tutóia, Tiriaçú, Grajaú, Parnaíba, Balsa, Pinheiro e Cururupú. Em 1979 a VOTEC perdeu o Islander PT-IJE em um acidente. Mais dois acidentes com o Islander aconteceram no inicio da década de 80. Em 1982 apenas dois Islander estavam em operação e encerram definitivamente os voos regulares em 1983.

A robustez, desempenho, versatilidade e longevidade do Islander fizeram dele um sucesso global, com vendas para mais de 120 países. A aeronave já ultrapassou os 50 anos em produção e continua em voando por ai até hoje.

Operadores do Brasil: Votec

 

Jan Makkus

 

BN2B-26 e BN2T
Origem:
Reino Unido

Produção: 1965 - hoje
Comprimento:
10,86 m
Envergadura: 14,94 m
Altura: 4,4 m
Peso da aeronave: 2,9 toneladas
Peso máximo decolagem: 3 toneladas
Motores: 2x Lycoming O-540-E4C5 ou Allison 250 turboprop ou Rolls Royce Turbine
Capacidade de combustível: 814 litros
Velocidade de cruzeiro: 278 km/h
Velocidade máxima: 315
km/h
Altitude de Cruzeiro: 7,2 km (25 mil ft)
Pista mínima para decolagem: 0,25 km
Alcance: 1.093 - 1.349 km
Passageiros: 8 - 10
Primeiro voo: 13 de junho de 1965
Concorrentes: Beechcraft Model 33, 35 e 36, Cessna 208, DH-104
Construídos: +1.300


 

 

Britten-Norman BN-2A Mk III Trislander

Com o sucesso do Britten-Norman BN-2 Islander, a fabricante começou um projeto para uma versão maior. Em 1968 foi testada uma variante alongada do Islander, conhecida como BN-2E Islander Super. No entanto a Britten-Norman não ficou satisfeita e partiu para um projeto ainda mais ambicioso. Movido por três motores, o Trislander é capaz de levar uma quantidade de carga consideravelmente maior. Além disso a fuselagem foi esticada e reforçada, aumentando a capacidade de passageiros e um novo trem de pouso foi adotado. Apesar de sua aparência "pouco ortodoxa", a adição de um terceiro motor localizado na cauda, permitiu que o BN-2A Trislander fosse ideal para serviços STOL (pousos e decolagens em pistas muito curtas). Além disso o Trilander era semelhante o suficiente ao Islander para que as duas aeronaves compartilhassem a mesma linha de montagem final.

O protótipo do Trislander foi construído a partir do segundo protótipo original do Islander. Além de operar em linhas aréas, o Trislander também era capaz de funções militares. A aeronave possui características excepcionais para operações em baixa velocidade, é capaz de operar facilmente em pistas sem nenhuma infraestrutura e possuí maior resistência e maior carga útil do que o seu irmão menor. Em julho de 1971 o Trislander entrou em serviço regular de passageiros. Apesar do interesse das companhias aéreas em utilizar o Trislander como um avião regional feeder, as vendas foram muito menores do que as do Islander. Não obstante todas as vantagens do Trislander, por ter três motores, o avião era mais complexo e tinha custos maiores do que o seu irmão menor. A produção foi encerrada em 1982, porém muitos Trislander continuaram voando.

 

 

Chris Spears

 

 

BN-2A Mk III-2
Origem:
Reino Unido

Produção: 1970-1982
Comprimento:
15,01 m
Envergadura: 16,15 m
Altura: 4,32 m
Peso da aeronave: 2,6 toneladas
Peso máximo decolagem: 4,5 toneladas
Motores: 3x Lycoming O-540-E4C5
Capacidade de combustível: 700 litros
Velocidade de cruzeiro: 249 km/h
Velocidade máxima: 290
km/h
Altitude de Cruzeiro: 4 km (13 mil ft)
Pista mínima para decolagem: 0,5 km
Alcance: 1.600 km
Passageiros: 16 - 18
Primeiro voo: 11 de setembro de 1970
Concorrentes: DHC-6, Let 410, Dornier 228
Companhia Lançadora: Aurigny Air Services
Construídos:
80

 

 

 

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