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DC-8: o clássico

A América entra na era do jato

Quando começaram os anos 50, a Douglas Aircraft de Long Beach, California, ia muito bem de vida. Tendo produzido os famosos DC-3, DC-4 e depois os DC-6, era então a maior, mais poderosa e mais bem sucedida construtora de aeronaves.

A empresa fundada por Donald Douglas Sr, um engenheiro aeronáutico de grande capacidade, tanto na parte técnica como na condução dos negócios, era a líder incontestável do mercado de grandes aeronaves comerciais. Possuia em 1952 nada menos que 275 aeronaves encomendadas e ainda por produzir. Entregava em média, 15 novas aeronaves por mês.

Com a saúde financeira da empresa em dia, foi com interesse que Mr. Douglas ouviu o pedido feito por C.R. Smith, presidente da American Airlines. Preocupado com o sucesso do Lockheed Constellation, utilizado por seus concorrentes, Mr. Smith pediu a Douglas que desenvolvesse um "Super DC-6": ele precisaria voar com maior capacidade de carga e transportar mais passageiros, sendo capaz de competir em velocidade com o avião da Lockheed.

Douglas acedeu. Com seu time de engenheiros, criou o famoso Douglas DC-7, que viria a ser o mais avançado avião à pistão da Douglas e também o último modelo da empresa antes dela embarcar na era do jato.

Preocupado em atender um cliente importante como a American Airlines, a Douglas Aircraft dedicou-se de corpo e alma ao DC-7. Corria o ano de 1953, e, acomodada na posição de líder absoluta de mercado, a Douglas tocava adiante, vagarosamente, o projeto de seu novo avião: seu primeiro jato, tentativamente batizado de Douglas Commercial Model Eight, ou simplesmente DC-8.

Ao mesmo tempo, uma empresa situada na cidade de Seattle, apostava tudo no desenvolvimento de uma aeronave movida à jato, bancando até aquela ocasião, assombrosos 16 milhões de dólares em seu projeto e construção. Esta empresa era a Boeing, este avião o 707. O 707 fez seu primeiro vôo em 15 de julho de 1954. A Força Aérea Americana imediatamente comprou 21 aeronaves KC-135, sua versão militar para reabastecimento aéreo. Donald Douglas engoliu em seco: era hora de acordar.

A American Airlines, no entanto, convencera a Douglas a entregar e produzir um grande número de DC-7, o que tomou ainda mais tempo e ocupou as linhas de montagem da companhia. mesmo sem capacidade de lançar adiante o projeto, Douglas sr, sentindo a ameaça, agiu: em 7 de Junho de 1955, ele anunciou formalmente o lançamento do jato DC-8.

As encomendas começaram a surgir imediatamente: afinal, tratava-se do jato da empresa líder de mercado. A Pan Am, então a mais importante companhia aérea do mundo, anunciou simultaneamente em 13 de Outubro, a compra de 20 Boeing 707 e 25 Douglas DC-8. A Boeing, chocada, teve de se conformar em ver a Douglas levar a maior fatia da encomenda: mesmo já voando desde 1954, o 707 vendeu de cara menos que o DC-8.

O jato do líder

O DC-8 era maior que o 707: tinha a fuselagem mais larga, capaz de acomodar seis passageiros por fileira contra 5 no Boeing. Já nascia com duas versões, intercontinental e doméstica. E afinal de contas, era um Douglas.

A United, a KLM, A Japan Airlines e a Eastern, entre outras, logo encomendaram o DC-8. Em dezembro de 1955, 99 aeronaves haviam sido vendidas para oito companhias aéreas. Finalmente, em 30 de maio de 1958, quase quatro anos depois do 707, o primeiro DC-8 da Série 10 fez seu vôo inaugural. A Douglas entrou na era do jato. Em 3 de junho de 1959, foi feita a primeira entrega: a United recebeu seu primeiro exemplar. A Pan Am, que fora a primeira a encomendar, optara por aguardar os modelos da Série 30, com turbinas mais potentes.

Versões e mais versões

O DC-8 foi sendo desenvolvido em diferentes versões: veio a Série 40, com motores Rolls-Royce. Foi esta que no dia 21 de agosto de 1961, realizou um feito histórico: foi a primeira aeronave comercial a ultrapassar a barreira do som, durante um vôo de testes: num mergulho, o DC-8 nas cores da Trans Canada quebrou a barreira do som, já deixando claro ao mundo todo a integridade do projeto da Douglas.

Em seguida veio a série que voa regularmente até hoje: o Série 50, o primeiro com motores turbo-fan, mais econômicos, potentes e silenciosos, prosseguiu com o programa de desenvolvimento, conseguindo expressivas vendas. Ainda hoje, encontramos vários exemplares desta série em operação, alguns deles até mesmo aqui no Brasil.

Mas foi com os modelos da série 60 que o DC-8 atingiu o máximo em seu desenvolvimento. O primeiro foi o DC-8 Série 61, de fuselagem alongada para até 269 passageiros. Este modelo foi o maior avião comercial do mundo até o surgimento dos 747. O segundo modelo da série 60 a ser desenvolvido foi o Série 62. Esta era a versão de longo alcance, com asas modificadas e turbinas mais potentes. Finalmente, surgiu a Série 63, que incorporava as asas do 62 com a fuselagem longa do 61. Este foi o último tipo de DC-8 produzido.

 

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