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Frankfurt: o colosso alemão

Frankfurt é a porta de entrada por excelência da Alemanha. Principal base operacional da Lufthansa, geograficamente situado no coração da Europa ocidental e com uma longa tradição na história aeronáutica mundial, FRA é um dos maiores aeroportos do Velho Continente e um dos mais ricos e interessantes de todo o mundo, com 48.5 milhões de passageiros em 2002.

Seu perfil completa agora o Trio de Ferro, os três maiores e mais importantes aeroporto da Europa analisados pelo Jetsite, juntamente com Paris Charles de Gaulle e London Heathrow. 

Sua longa e rica história pode ser traçada desde 1924, ano em que é fundada a fábrica de aeronaves "Südwestdeutsche Luftverkehrs AG" e adjacente a ela, o aeródormo de Rebstock, que já em 1934 está saturado. Em 1936 é fundada a Flug- und Luftschiffhafen Rhein-Main, que com seus dirigíveis Graf Zeppelin e Hindenburg inicia serviços regulares ao Rio de Janeiro e Lakehurst, New Jersey, partindo de Zeppelinheim, próxima ao que hoje é a área em que se situam as cabeceiras das pistas 25.

O aeroporto de Rhein-Main, criado para substiutuir Rebstock, era um dos maiores e mais movimentados do mundo no início da Segunda Guerra, e uma pilha de escombros ao final do conflito. Os norte-americanos trataram de construir a Rhein-Main US Air Base jé em 1946, trazendo de volta a vida operacional ao campo. Uma única pista servia a base, mas já em 1949 uma segunda pista, paralela, foi inaugurada. Em 1947, foi constituída uma empresa para administrar a parte civil das operações, a VAG - "Verkehrsaktien - Gesellschaft Rhein-Main", que em 1954 passou a se chamar "Flughafen Frankfurt/Main AG".

 

Renascimento

Os anos da Guerra trouxeram destruição mas também oportunidades. Afinal, até então, o principal hub da Lufthansa era Hamburgo, a aristocrática capital da Liga Hanseática. A oportunidade não passaria em branco pela VAG, que trataria de firmar Frankfurt como principal polo aeronáutico da Alemanha em reconstrução.

A presença dos jatos de longo curso acelerou a importância de Frankfurt, que podia acomodá-los sem restrições operacionais em suas longas pistas. A presença da base aérea norte-americana, que até hoje divide o espaço com o aeroporto, daria maior impulso a Frankfurt, que acabaria por confirmar sua posição de proeminência no setor aéreo alemão. 

O milagre econômico alemão alimentava o tráfego em Frankfurt, e as duas pistas e os velhos terminais iam atingindo a saturação. Os jogos Olímpicos de Munique, em 1972, deram o empurrão que faltava e o governo alemão resolveu investir pesadamente na construção de um moderníssimo terminal, inaugurado pouco antes da abertura das Olimpíadas. O Terminal 1, como hoje é conhecido, passou a ser o símbolo de uma nova e orgulhosa Alemanha.

O início dos anos 70 significou grandes mudanças. A Lufthansa, maior operadora do aeroporto, construiu um gigantesco complexo de manutenção, catering, carga e treinamento em terreno do aeroporto. Frankfurt firmou-se como o principal polo de entrada e saída de passageiros e carga da Alemanha e já então disputava as primeiras posições no ranking europeu. 

O crescimento do tráfego começou a saturar as duas pistas. Em 12 de abril de 1984, depois de anos lutando contra o Partido Verde e contra o poderoso lobby dos órgãos conservacionistas alemães, finalmente uma terceira pista (Startbahn West) foi inaugurada, de uso exclusivo para decolagens. 

O crescimento de tráfego não diminuiu e o outrora espaçoso Terminal 1 também chegou próximo de seu limite. Ao final dos anos 80, foi iniciada a construção de um novíssimo terminal, que seria completado em 1994: nascia o Terminal 2, ligado ao Terminal 1 por um monorail, o Sky rail, um trem suspenso que une os dois complexos.

No ano de 1995, foi inaugurado no terminal de carga oPerishables Center, um centro refrigerado para cargas perecíveis. Ao mesmo tempo, a expansão deste setor foi confirmada com o início das obras de construção do CargoCity South, um novo compelxo de armazéns e centros de distribuição.

No ano de 1997, a capacidade do aeroporto foi ampliada mais uma vez com o início das obras do Pier D, um novo complexo que na verdade une os dois antigos terminais. Neste mesmo ano, foi celebrada a festa da Cumeeira do AIRail, a novíssima estação de trens, localizada às margens da rodovia A3, e servida por trens de alta velocidade que ligam FRA à toda a Alemanha e inaugurado em 1999. No ano seguinte, nova expansão se deu com a abertura do Pier A no Terminal 1, extendido em 500 metros e ocupado quase exclusivamente pela Lufthansa.

Em 2001, a empresa "Flughafen Frankfurt/Main AG" mudou sua razão social para "Fraport AG Frankfurt Airport Services Worldwide" e começou a comercializar toda a experiência na operação de terminais multi-modais ao oferecer serviços de consultoria a outras empresas e aeroportos espalhados pelo mundo. 

 

FRA hoje

Com mais de 1.5 milhão de toneladas métricas ao ano, FRA é hoje o mais importante aeroporto de carga da Europa. O número de movimentos anuais (pousos + decolagens) em 2002 foi de 458,359 no ano, uma média de 1.255 por dia ou 52 por hora, 24 horas por dia. Se levarmos em consideração que o aeroporto não registra movimentos no período da madrugada, chegamos a quase duas operações por minuto durante o dia. 

Como um dos aeroportos internacionais mais movimentado do mundo, FRA é uma festa ao spotter. Um número impressionante de companhias aéreas, de todas as partes do mundo, pousam nas pistas deste grande ponto de distribuição. A força econômica da Alemanha traz interessados do mundo todo, e exporta turistas o ano todo para virtualmente todos os cantos do planeta. 

Como padrão de tráfego, os vôos vindos da África são os primeiros a chegar, antes das 06:00. Depois, vêm os serviços da Austrália e Nova Zelândia. Em seguida, a desova transatlântica acontece: vôos da América do Norte chegam a partir das 07:00, lotando sobretudo o terminal 2, dedicado à todas as empresas aéreas norte-americanas por razões de segurança. Em seguida, vêm os asiáticos e depois das 12:00 começam a chegar os vôos vindos do Oriente Próximo e Médio. Finalmente, depois das 14:00 é a vez dos poucos sul-americanos (Lan Chile, Avianca e Varig). Vôos vindos de todos os pontos da Europa chegam e partem por todo o dia, em especial da antiga Cortina de Ferro, que informal e economicamente começa a se transformar quase num satélite da Alemanha. 

 

Fotografando em FRA

Até 11 de setembro, Frankfurt estava no restrito grupo de aeroportos simpáticos aos spotters, com dois excelentes "Observation Decks" na cobertura do Pier B Leste do Terminal 1 e por toda a cobertura do Terminal 2. Os atentados fecharam definitivamente o terraço sobre o Terminal 2, mas o terraço sobre o Terminal 1 permanece aberto - por enquanto. Porém, o grande problema em FRA é mesmo a posição do sol: na maior parte do dia, o aeroporto está no "lado errado" da pista, ficando de frente para o sol. Portanto, apesar da comodidade e segurança do terraço, ele nunca foi mesmo a melhor localização para se fotografar.

A dica era e continua sendo próximo às pistas. Há uma área próxima a cabeceira 25L que é fácil de ser encontrada junto à auto estrada A5. Outra posição famosa é a área de observação próxima à Pista West, (18-36), mas que só permite fotos após as 13 horas. Ambas estão indicadas no mapa que acompanha esta matéria. E se você quiser ver como podem ficar boas as fotos feitas em FRA, vá até a seção Galeria e na janela de busca avançada, digite "FRA". Você vai ver 539 fotos feitas em Frankfurt entre 1986 a 2003, a maior galeria de fotos na internet em língua portuguesa. E como 539 imagens valem mais que mil palavras, a gente vai se despedindo, indicando Frankfurt como uma grande opção para quem realmente quer se esbaldar de ver aviões. 

 

Gianfranco Beting

 

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