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Florianópolis

Localizado em uma das mais belas ilhas do Brasil, Florianópolis é sem dúvida um local maravilhoso para se viver e passar férias. Além disso, a ilha tem um aeroporto muito interessante, o Internacional Hercílio Luz. Sua história e seus segredos são contados por Juliano Damásio, nosso colaborador e grande fotógrafo, como você já sabe. 

 

História

O aeroporto ocupa o local da antiga Base Aeronaval, que operou até 1942. O surgimento do CAN - Correio Aéreo Nacional deu-se com a junção do Correio Aéreo Naval e Correio Militar. Em 1934 o primeiro vôo ligou o Rio de Janeiro a Florianópolis. A partir daí, com a criação do Ministério da Aeronáutica, estabeleceu-se uma Base Aérea em Florianópolis, para responder às necessidades da aviação militar (hoje com um esquadrão de patrulha) e comercial. 

O aeroporto hoje pode ser considerado pequeno para o movimento especialmente em feriados e na alta estação e precisa urgentemente de ampliação. Até a década de 40 o aeroporto possuía apenas uma estação de passageiro, uma torre construída de madeira, uma pista e um pátio de estacionamento de aeronaves coberto com grama onde hoje está o pátio secundário, TECA - Terminal de Carga Aérea e os hangares de aviação geral. 

Realizaram-se obras de construção de uma nova pista de pouso 03/21 (hoje com 1500 x 45 metros e com pavimento de concreto) e pátios de estacionamento de aeronaves, no período de 1942/45. No período de 1952/54, foi construído o Terminal de Passageiros, administrado pelo Ministério da Aeronáutica (DAC) - Departamento de Aviação Civil, atualmente o TECA - Terminal de Carga Aérea. Desde então, a atividade aeronáutica tem evoluído gradativamente e hoje se registra no aeroporto operações da aviação doméstica, internacional, regional e privada. 

Pela Portaria n.º 120/GM5, de 03 de dezembro de 1973, dá-se à transferência à Infraero da jurisdição técnica, administrativa, operacional e comercial do Aeroporto de Florianópolis. Em 07 de janeiro de 1974, o V Comando Aéreo Regional passou à jurisdição da Infraero o Aeroporto de Florianópolis, antigo Terminal de Passageiros (500 m2), construído no período de 52/54. Em 26 de janeiro de 1976, foi implantado o Terminal de Carga Aérea Internacional (TECA), destinado à armazenagem de mercadorias importadas e exportadas e o primeiro vôo internacional foi com um 707 levando suínos para exportação. 

Os tempos começavam a mudar e o movimento cresceu. Assim, em agosto de 1976, ocorreu a inauguração da 1ª fase do atual Terminal de Passageiros, com área construída de 2.985 m2. O pátio de manobras desse novo terminal apenas foi construído anos após e os passageiros eram transportados de ônibus até onde hoje fica o pátio secundário. 

Na inauguração do novo pátio, esperava-se que o Varig 121, procedente de Porto Alegre fosse o primeiro vôo a utilizar o local. Porto Alegre amanheceu fechado e a honra coube a um 727 da Transbrasil, que pousou às 10 da manhã inaugurou o novo pátio - hoje o principal. 

Com apenas uma pista e o movimento aumentando cada vez mais, fez-se necessária uma nova pista. Em agosto de 1978 foi aberta ao tráfego aéreo a pista 14/32, pavimentada com asfalto, com 2.300 x 45m de extensão. Finalmente, o Aeroporto de Florianópolis oferecia duas pistas de pouso e e com sua maior extensão, abriu aos amantes da aviação a satisfação de ver aeronaves como 707, 767, DC-10, 747. 

Visando a internacionalização do Aeroporto de Florianópolis, em outubro de 1988 deu-se a inauguração da 2ª fase de ampliação do Terminal de Passageiros, ampliando de 2.985 m2 para 6.440 m2 a área total. FLN passou à categoria de Aeroporto Internacional em 3 de outubro de 1995, atendendo ao crescente fluxo de turistas, em sua maioria provenientes da Argentina, Uruguai e Chile. 

O Aeroporto Internacional de Florianópolis obteve a certificação ISO 9001/94 em 15 de abril de 1999. e ganhou de presente mais uma ampliação de 2.000 m2 em dezembro de 2000, incoporando climatização e instalações mais amplas e modernas. 

 

Tipos e empresas que não saem da memória

A aviação em Florianópolis sempre apresenta novidades, acontecimentos. e até alguns momentos mais trágicos. Começamos pela Transbrasil: era lindo ver os 767 nos vôos TBA702/703, todos os dias e não foi nada fácil ver todos que lá estavam no dia em que ela parou e escutar "Era uma vez a Transbrasil". 

Fica na memória aquela empresa que coloria com seu arco-íris nossa ilha com seus Embraer 110, BAC-1-11, Embraer 120 da Interbrasil, 727-100, 707, 737 "Baby Boeing" e os 767 "Wide Boeing". 

A pioneira Varig já passou por FLN com Electras e com A300! Ele o A300 esteve aqui e está nos registros! Outros tipos foram o 707-320 operando vôos charter de passageiros e cargueiros. Ou os 727-100 que operavam inicialmente com passageiros e depois, os vôos cargueiros da RPN - Rede Postal Noturna. Os 737-200 "Breguinhas", os 737-300 que são os que mais visitam FLN até hoje, os 737-400 primeiro com os VQQ/R/S/T vindos da Transbrasil e agora com os VTL/M/N/O. Os Next Genration 737-700 que iniciaram operações em FLN em uma tarde chuvosa no vôo procedente de EZE ( PP-VQA) e depois, nos vôos VRG2266/67 FLN/GRU/BSB/BEL/BSB/GRU/FLN, pernoitando todos os dias na ilha até seus últimos dias de Varig. 

Ainda flando nos NG, os 737-800 que com seus belos winglets aparecem de surpresa. Os Boeing 767-200/300, que na década de 90 operavam em FLN os vôos VRG932/933 GRU/FLN/POA/EZE/POA/FLN/GRU. Eram dois 767 por dia, lado a lado no pátio! Finalmente, os grandes widebodies. Os 777-200 vieram substituindo um MD-11, rtrazido de Porto Alegre para levar os passageiros para EZE. Esse realmente foi um grande dia! Os DC-10-30 e DC-10-30F que operavam às vezes no VRG932/933 GRU/FLN/POA/EZE/POA/FLN/GRU, em vôos charter para Argentina e às vezes ainda servem FLN como cargueiros . Já os MD-11 são escalados para vôos charter para Argentina na temporada fazendo a alegria dos amantes da aviação. Verão em FLN sem MD-11 da Varig não é verão! 

A Rio-Sul iniciou com Embraer 110 e após Embraer 120 Brasília. Com o crescimento da empresa, os Fokker 50 e depois os ERJ-145 foram empregados. Os ERJ-145 operavam em um vôo pela manhã e outro à noite. O 737-500 operava a tarde com um vôo "RSL410/411" procedente de Congonhas e escala em Joinville retornando após para Congonhas. A Rio-Sul tinha um vôo também pela manhã com o 737-500 que era "RSL419" para Congonhas com escala em Joinville. Esse vôo pernoitava em Florianópolis e decolava por volta das 5 da manhã. 

A TAM empregou muitos tipos: Dos Caravan C-208 que além de cargueiros noturnos, eram vistos operando vôos regionais como o TAM068/069- Florianópolis - Videira - Chapecó - Erechim - Porto Alegre, voltando no mesmo trecho. Os Fokker 27 operavam em alguns vôos sendo um deles o "TAM476/474" Congonhas, Blumenau, Florianópolis chegando primeiramente pela manhã e retornando a tarde por volta de 16h00. Depois, estes seriam substituídos pelos Fokker 50. 

Os jatos vieram e com eles muita festa: quando os primeiros Fokker 100 pousaram lá estávamos. Parecia um carnaval, só faltou mesmo uma banda de música para completara festa no pátio. Veio então a era Airbus com o A319 e A320 em 1999, com o PT-MZA procedente de Congonhas com escala em Navegantes. Já o Airbus 330 operou em Florianópolis apenas com um vôo charter. A TAM agora deixou de operar muitos vôos com Airbus, colocando de volta o Fokker 100 em suas rotas principalmente com destino a Congonhas onde a aeronave voltou a operar. 

A Gol chegou em Florianópolis em 16 de janeiro de 2001, quando pousou o vôo "GLO1601" procedente de CGH e decolando após para Porto Alegre, operado pelo 737-700 PR-GOA Depois vieram os 737-800 procedentes de POA, os vôos GLO 1600: Porto Alegre - Florianópolis - Congonhas - Galeão - Salvador. Recentemente, chegaram os 737-300 que continuam firmes, com aceitação total. A Gol atualmente é a empresa que mais embarca passageiros em FLN. 

A Vasp operou em Florianópolis com A300 em vôos domésticos e internacionais, 737-200 cargueiros e passageiros, 737-300 e 400, 727 passageiros e hoje cargueiros. A Vasp deixou de operar em Florianópolis, o que nos deixa tristes: afinal mesmo sem céu claro, tinha sempre um azul pra gente ver pousando na ilha. 

A Total iniciou em Florianópolis com um ATR-42 e Embraer 120 Brasília em vôos da RPN - Rede Postal Noturna e atualmente utiliza aeronaves Boeing 727-200 nesse vôo partindo às 22h00 para Curitiba e Guarulhos, retornando às 05h00 da manhã. 

Várias empresas operaram por períodos em Florianópolis, abandnando depois o mercado. Entre elas a TRIP, que tentou com um Embraer 110 Bandeirante PT-SOG mas não obteve sucesso. Ou ainda, a AeroExpress que, com seus "tigres e onças," também não foi muito longe. Ou ainda, a Oceanair que com seus coloridos aviões também não conseguiu ocupar a fatia de mercado que a Interbrasil havia deixado para Chapecó-XAP. 

 

Alta estação, altas atrações

Os vôos charter no verão são realmente a invasão dos argentinos, uruguaios, chilenos. Teve um ano que não tinha espaço no aeroporto pra tanta gente. Foi na páscoa de 1999 onde era possível ver num pátio pequeno de cinco posições um MD-11, MD-80, 737-300, 767-200 e um DC-9 juntos sendo que no secundário esperavam lugar 737-500, Fokker 100, DC-9, Fokker 28, entre outros. 

Sempre havia visitantes inesperados como um 757 da Caledonian (operado pela Lapa), Taesa (operado pela Lapa), Air Holland (operado pela Dinar), Monark (operado pela Dinar), Air 2000 (operado pela Dinar), 737-200 da Southern Winds, A310 da Airplus, 727-100, DC-9-34/41, MD-81/82 da Dinar, 707, 727, 737, A310, A340, F-28, MD-83/88 da Aerolineas Argentinas, BAC-1-11, DC-9, MD-81/83 da Austral, ATR-42 da Laer, F-28 operado pela Aerogaúcho, 737-200/700, 757-200 da Lapa, 707, F-28 da Lade, 737-200/300 da Pluna, F-100 da Uair, 737-200, A320 da LAN, 737-200 da Avant. 

Outras companhias aéreas internacionais operaram vôos charter de passageiros e carga como a ATA com 757, Skyjet com DC-10, Cielos Del Peru com DC-10-30F, Heliopolis com A310, entre outros. Teve até um 747 pousando em Florianópolis!! O vôo da Evergreen foi operado pelo N482EV, fretado para levar cerca de 400 crianças para a Disney. 

Tivemos também no dia cinco de janeiro de 2004 um Antonov 124, um dos maiores cargueiros do mundo, trazendo peças para um A320 que se acidentou em Florianópolis no mês de novembro de 2003. 

Tivemos um encontro de Chefes de Estado no qual apareceram um Sabreliner da Bolívia, F-28 da Força Aérea Argentina, Falcon 900 da Força Aérea da África do Sul, Learjet 35, Gulfstream IV e 737-500 da Força Aérea do Chile, Embraer 120 da Força Aérea do Uruguai - um show de raridades. 

 

Acidentes e incidentes

Momentos tristes também aconteceram em Florianópolis. O pior foi a tragédia de um 727-100 da Transbrasil em 12/04/1980. Matriculado PT-TYS e operando o vôo TBA303 procedente de Congonhas, o Boeing aproximava-se de Florianópolis quando chocou-se contra o morro de Ratones, matando 54 dos 58 ocupantes. De resto, foram apenas incidentes, como um Cessna 180 que ao pousar perdeu a bequilha. Um Bandeirante da FAB que não parou no final da pista, assim como um 737-700 da Lapa que pousando na pista 14 também passou direto, porém sem ultrapassar a área de escape, quebrando apenas as lâmpadas. 

Um dos mais recentes foi no dia seis de novembro de 2003 onde um A320 PT-MZL da TAM, realizando o vôo TAM3105, aproximava-se sob forte chuva. Tocando muito na lateral da pista, saiu da mesma, quebrando o trem de pouso do nariz e ficando aproximadamente quatro meses em Florianópolis fazendo reparos. 

 

Se meu logbook falasse...

Ah, se todos que trabalham no aeroporto reunissem, em livro as muitas histórias que aconteceram por aqui. Seriam casos engraçadas, cômicos, tristes. Coisas que deveriam fazer parte da história do aeroporto. Teve gente que, fazendo vistoria na pista, quando olhou pelo retrovisor do carro viu um 727 na época que o 727 da Transbrasil pousando bem atrás. 

Quando o aeroporto de Florianópolis crescer, teremos saudade da época de aeroporto pequeno, quando, no fundo, todos formávamos uma grande família. Se tudo um dia muda, as amizades que fiz aqui sempre vão ficar. Só posso agradecer a todos os colegas de FLN pela amizade e por tudo que aprendo a cada dia que vou até lá para trabalhar. Ou melhor, para fazer o que sempre fiz e vou fazer eternamente: ver, olhar, fotografar, amar cada dia mais essa aviação que nos deixa realmente fascinados. 

 

Juliano Damásio

 

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