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Curitiba: nasce um pólo cargueiro

A 18 quilômetros do centro de Curitiba, mais precisamente no município de São José dos Pinhais, está localizado o Aeroporto Internacional Afonso Pena, o sexto mais movimentado do país.

Afonso Pena foi construído durante a II Guerra Mundial para servir de base de apoio à operação aliada. Sua localização foi estrategicamente escolhida pela Força Aérea Americana. Devido aos constantes nevoeiros na região, o fenômeno meteorológico já servia de defesa contra eventuais inimigos. 

Em 7 de Janeiro de 1974, a Infraero passou a administrar o aeroporto. Desde então foram feitas várias obras de melhorias e ampliações, mas que se mostraram insuficientes para absorver o aumento no volume de passageiros. Foi necessária, então, a construção de um novo terminal, dotado de equipamentos modernos, como por exemplo, pontes de embarque que oferecem maior comodidade aos usuários.

Em 26 de Julho de 1996 o Aeroporto Afonso Pena passou a ser de categoria de Internacional, adotando sua nova denominação: Aeroporto Internacional Afonso Pena / Curitiba. Um DC-10 da Equatoriana (PP-SFB) veio prestigiar o evento, sendo a primeira aeronave de grande porte a acoplar no Gate 6. Hoje, são seis pontes de embarque que dão acesso direto às aeronaves. Salas de embarque com capacidade para 800 passageiros complementam os fingers, oferecendo bastante conforto aos usuários. 

Bem, agora chegou a hora de falar um pouco sobre o Afonso Pena pelo lado da paixão. Iniciamos a nossa história em meados de 1982. Estava com 16 anos de idade, e tudo que era voltado a aviação despertava meu interesse. Como Curitiba era desprovida de uma associação de aficcionados, me associei à AETA em São Paulo. 

Lá pude conhecer diversos amigos que gostavam da mesma coisa e até hoje em dia, permanecem fortes essas amizades. Devido aos estudos, só tinha condições de freqüentar o aeroporto nos finais de semana, sempre contando com a ajuda ainda de meu pai.

Adoráveis lembranças das tardes de sábado e domingo. Lembro como se fosse hoje os primeiros jatos vistos de perto, aquele barulho que me deixava super feliz, imaginando um dia poder estar dentro de uma aeronave daquelas. Lembro que a Rio Sul operava com seus Bandeirantes nas cores azuis e amarelas. Era o mesmo logotipo que ainda permanece em alguns jatos da companhia.

A TAM era a companhia que menos dava as caras em Curitiba, geralmente vinha após as 17:30 hs, com Fokker 27. Com a entrega dos Fokker 100, que viriam mais a seguir, seriam apenas duas freqüências ao dia. Mass logo viriam as pinturas comemorativas com suas frases de felicitações natalinas, o "Number One", o Fokker estrelado, e muitas outras pinturas. Outra que me lembro é a Votec. Lembra-se da Votec? Pois é, eu tive a felicidade de ver o Fokker 27 deles uma única vez.

 A Varig/Cruzeiro respondiam pela maioria dos movimentos no Afonso Pena, com seus Boeing 737-200, 727-100 e às vezes os 707 cargueiros. Nunca tive o prazer de ver os 747 em Curitiba, e há quem diga que os Electras davam o ar de sua graça às vezes, mas também nunca os presenciei em solo curitibano.

A VASP trazia seus "breguinhas", e, uma vez ou outra no vôo da noite procedente de São Paulo, vinha o majestoso 727-200. Ficavam todos namorando a aeronave, que na época era um dos maiores que vinha ao aeroporto.

O que falar da velha e saudosa TransBrasil, com seus imponentes Boeings 727-100 e suas fuselagens em diversos tons, sempre homenageando as riquezas do nosso Brasil? Anos após veio o tão famoso "arco-íris". Ficava sempre marcando os prefixos para ver qual estaria faltando na minha coleção. O mais estranho é que nessa época, não tinha o fascínio de fotografar tais raridades, apenas possuía um caderno com todas as matrículas, que via durante as minhas idas ao aeroporto.

No quesito aeronaves de grande porte o Afonso Pena nunca foi dos mais fortes. Isso só mudou com a vinda dos primeiros 767 da TransBrasil, e depois dos L-1011 e 757 da ATA. Fora isso, nessa época raramente aparecia algo de diferente.

A instalação de parques indústriais das grandes empresas automotivas trouxe aviões de diversas nacionalidades: vieram os primeiros 707 trazendo gado. Depois os 747-100 da Kalitta... e a lista continua com os Antonov-124 da Polet, Titan, Volga Dnepr. Ou os Antonov 22 e suas hélices contra-rotativas. Mais tarde os MD-11 da Martinair, alguns DC-10 africanos, DC-8 da Arrow, Cargo Lion... isso sem falar nos aviões de comitivase governos, como os Tu-154 da Polônia. Lembranças dos toques e arremetidas do 747-400 do governo japonês e logo em seguida os dois 747-400 lado a lado trazendo o Imperador em pessoa.

Aeroporto Internacional Afonso Pena, o aeroporto, onde aprendi a amar ainda mais a aviação comercial... Onde pude testemunhar diversos acontecimentos muitas vezes hilários, como as lágrimas de uma mãe olhando para um avião da Varig Log, pensando ser a aeronave que levaria o seu filho a Frankfurt. Ou então, a única vez que vi um 737 (da Vasp) abrir a porta dianteira para um passageiro embarcar correndo, interrompendo a operção já em pleno táxi... 

Ou aquelas "sabedorias" que só em aeroportos se ouve, como aquela que um Embraer 145 é um Fokker 100 mais curto. Ou o próprio Fokker 100 da TAM, que deveria ir para Miami sem parar, porque estava escrito em sua fuselagem o letreiro "Miami Non Stop"... Se todos nós aficcionados guardássemos em cadernetas aquilo que ouvimos nos saguões e terraços dos aeroportos, certamente teríamos uma enciclopédia de "causos"...

Aos amantes da fotografia, o Afonso Pena apresenta hoje poucos locais para a prática, já que o antigo terraço foi perdido com a construção do novo terminal.

No saguão (atrás de vidros) a luz fica boa após as 13 horas. Antes disso é quase impossível, devido ao contra-luz. Recomendo mesmo ira a pé até a rua Rui Barbosa, (aproximadamente distante uns 2 km do aeroporto). Este é um dos melhores pontos, pois fica de frente a cabeceira da pista 15. Ótimas fotos de pousos e decolagens podem ser feitas aqui.

Outro local é próximo ao radar do APP Curitiba, apenas mais alguns metros de distância pela mesma Rua Rui Barbosa, com melhores condições de luz pela manhã.

 

Afonso Delagassa

 

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