EDITORIAL  |  REPORTAGENS  |  FLIGHT REPORTS  |  AEROPORTOS  |  AERONAVES  |  COMPANHIAS AÉREAS  |  ACIDENTES

 

Charles de Gaulle: le camember

Paris, a cidade-luz, atrai a humanidade toda: por seu romantismo, por sua esfera de influência política. Meca da moda, atrações turísticas, polo industrial, as razões para conhecê-la são inumeráveis. Com tanta gente chegando, é natural que a cidade tenha aeroportos importantes, capazes de dar vazão a todo esse fluxo. Até 1974, Paris era servida apenas por Le Bourget e Orly. Charles de Gaulle foi o nome escolhido para o terceiro aeródromo que, desde sua abertura, converteu-se no mais importante aeroporto da capital francesa. Juntamente com Frankfurt e Heathrow, forma o trio de ferro, os três mais importantes aeroportos da Europa. Em números absolutos, ele é o oitavo no ranking dos mais movimentado do mundo.

Desde a sua inauguração CDG chama a atenção. Com sua revolucionária arquitetura que apresenta um terminal central e 7 satélites, CDG já nasceu diferente. Se até hoje trata-se de uma solução ideal, podemos questionar. De qualquer forma, suas passarelas rolantes cobertas com domus de acrílico, ligando diferentes partes e cruzando-se no vão central, conseguem virar até hoje os pescoços dos viajantes, que tem uma visão "retrô-futurista" da França dos anos 70. 

Mas nós não viemos aqui pra falar de arquiteura. O prédio central, conhecido oficialmente como Terminal 1 e extra-oficialmente como Le Camembert (devido às suas proporções e sua forma) e seus satélites chamam a atenção, sim. Mas criam algumas dificuldades para o entusiasta que quer observar as aeronaves: muitas delas estacionam em posições que tornam bastante difícil ou impossível sua observação. Em outros casos, porém, os jatos param bem próximos e fotografá-los fica fácil. Para fazê-lo, basta ir até o piso de embarque e ficar na estreita calçada que circunda o Terminal 1. É só começar a fotografar, o que será possível por aproximadamente 5 segundos, antes que o Gendárme mais próximo pule em cima de você gritando em francês "Arrêt! Arrêt!" Pas de photos! (Pare, pare, sem fotografar). Eles AMAM fazer isso. Você vai fazê-lo extremamente feliz por todo esse dia, ao permitir que ele utilize toda a sua truculência gaulesa Anti-Al-Qaeda contra sua própria pessoa. Como conversar não adianta absolutamente nada, nossa primeira dica: esqueça de fotografar no T1.

 

Pontos alternativos para fotos... até o próximo atentado

Veja o mapa que acompanha a matéria e oriente-se por ele. Iremos abordar 6 pontos de fotos. Alguns destes podem estar provisoriamente fechados por razões de segurança. Antes de começar nosso tour, lembre-se: é imprescindível alugar um carro: as distâncias não podem ser vencidas a pé. Se não houver dinheiro, alugue uma bicicleta. Definitivamente, a pé, em CDG, não dá.

Começamos pelo Ponto 1, a Estação Meteorológica. Um dos melhores pontos, justamente por esta razão, encontrava-se fechado quando esta matéria foi escrita (junho de 2002). De qualquer modo, tente chegar perto: você fica a menos de 10 metros da ponta das asas dos 747 que saem das pistas 09/27: espetacular. Saia do T1 e siga as placas Zone Téchnique que você chega lá. 

O Ponto 2 só funciona após as 16 horas, devido à luz: mas de lá você captura todos os pousos nas pistas 27R e decolagens na 27L. Para chegar, compre um mapa em postos de gasolina que mostre as estradinhas vicinais da região. É complicado demais para explicar aqui. Siga as placas Route Peripherique Nord na direção de Mesnil-Amelot, uma pequena vila nas redondezas.

O Ponto 3 é de dentro do hotel Ibis. Que também vale como dica de hospedagem. Observe a foto do A320 da Adria; ela foi feita do quarto onde me hospedei, com uma lente 200mm. Nada mau, não? 

O Ponto 4 só pode ser atingido a pé e é excelente para fotogafar as aeronaves taxiando entre os dois terminais, o T1 e o T2. Uma lente 200mm é mais que suficiente. Por falar em terminais, o Terminal 2 ou Aerogáre Deux foi inaugurado para desafogar o T1. De arquitetura mais convencional, é um dos mais práticos terminais que conheço. A filosofia de sua arquitetura foi minimizar o percurso feito pelo passageiro entre a porta do avião e a calçada. Os arquitetos foram extremamente bem sucedidos e, de fato, anda-se muito pouco: o desembarque é feito no mesmo plano da porta do avião: a menos de 50m do nariz do avião o distinto passageiro já está no taxi. O terminal hoje é utilizado somente pela Air France e suas parceiras comerciais (TAM inclusive) e da aliança Skyteam. O velho Camembert, T1 fica com o restante dos inúmeros operadores. 

Voltando à fotografia, o Ponto 5 vale para o período da manhã, quando o vento soprar de oeste: de lá você fará as chegadas do Concorde vindo de New York, que se utiliza principalmente das pistas 26 para pousos e decolagens. Outras aeronaves podem ser fotografadas de lá, mas nesta posição você só fará fotos de aproximação: as pistas ficam muito mais altas que a estrada onde vosmecê irá estacionar sua viatura. Para chegar lá, saia do aeroporto e siga as placas Route Peripherique Sud na direção de Tremblay-En-France e Mitry-Mori, outras pequenas vilas nas redondezas de CDG.

Fechando nosso tour, o Ponto 6 é excelente para fotografar a maior variedade possível de operadores, entrando e saindo do T1. Fica próximo à estação de bombeiros e sua localização permite fotos de todas as aeronaves da Air France indo e voltando dos hangares localizados ao sul da cabeceira 09R. A foto de por-do-sol que abre esta matéria foi feita lá. Para chegar, siga as placas "Zone D`Entretién" ou Roissy-En-France, o vilarejo que empresta seu nome para a localização do aeroporto, Roissy. Por sinal, para hospedagens mais em conta este é o lugar, com alguns bons hotéis a preços mais camaradas que os acachapantes preços praticados em Paris.

 

Le Traffic est Terrific

E concluindo, a principal razão para se fotografar em CDG é mesmo o tráfego. Qualquer empresa aérea que se preza deseja voar para Charles de Gaulle. A Ásia inteira e boa parte do Oriente-Médio e África são vistos por aqui. As que não estão por aqui é porquê ficaram confinadas a operar em Orly, o velho aeroporto internacional. Além destas, quase todas as norte-americanas, com seus melhores jatos de longo alcance, passam por aqui: United, Continental, American, US Airways. Américas do Sul, central, Caribe e México mandam o que podem. E finalmente, CDG é um dos três únicos do mundo a contar com operações regulares do Concorde, que quando passa, como a garota de Ipanema, todo mundo pára diz Ahhhh. 

Bom, Paris é mesmo uma festa. Começe sua viagem aero-gastronômica peloCamembert e... bon appetit!

 

Gianfranco Beting

 

Topo da página