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Atlanta: o mais movimentado Number One

 

Atlanta é a principal cidade do estado da Geórgia. Sulista até os ossos, a região é bastente orgulhosa de suas raízes "dixies", como se autodenominam as coisas e as pessoas e as tradições do sudeste norte-americano. A grosso modo, diferenciam-se de nossos gaúchos por não usarem bombacha.

Um velho ditado (tem pelo menos uns 40 anos) da Geórgia diz que, ao morrer, antes de chegar ao céu, sua alma terá que fazer conexão em Atlanta. Isto se deve ao fato do aeroporto William B. Hartsfield (batizado em homenagem à um antigo aviador e policial da área) ser o primeiro do mundo a operar como hub-and-spoke, ou centro distribuidor de vôos.

Hoje, mais de 80% do movimento é dominado pela Delta Air Lines e suas afiliadas regionais. Sabendo-se que esta é a empresa aérea com maior número de passageiros transportados por ano (105 milhões em 2001) e que muitos passam por seu principal hub, conclui-se que o ditado acima é mais do que acertado. 

Atlanta é mesmo um Gigante Dixie: com 915.000 movimentos ao ano (mais de 2.500 ao dia ou 104 por hora) em suas quatro pistas, recebeu 80 milhões de passageiros no último ano. Com isto, ocupou o primeiro lugar em ambos os quesitos: é o mais movimentado (nº de operções) e de maior tráfego de pax em todo o mundo. 

Apenas a título de comparação, tomemos Guarulhos como parâmetro. ATL tem 5.7 vezes mais pasageiros por ano. Ou seja, cada um dos cinco terminais de ATL é maior em tráfego que TODO o aeroporto de GRU.

Estive lá fotografando em 1998, durante a Copa do Mundo (assisti ao Brasil 2x1 Escócia no lobby do hotel). E que hotel! O Renaissance Concourse Hotel é um dos raríssimos hotéis do mundo em que não só é possível fazer spotting, como é aconselhável: os quartos voltados para o aeroporto tem seus próprios terraços. Embora você precise de lentes longas (de 400 a 600mm), o resultado das imagens é espetacular. Só não é perfeito por estar na parte Norte do aeroporto, portanto, durante o verão, parte do dia a luz está contra você. Mas mesmo assim, vale ficar aí: as oportunidades de ver todo o aeroporto são únicas.

 

Fotografando no gigante

Bem, muita coisa mudou nos aeroportos dos Estados Unidos após 11 de setembro. Fotografar aviões na Terra de Tio Sam hoje em dia é menos aceitável, na escala de desvios comportamentais, do que estuprar crianças orfãs cegas. 

Dito isto, é provável que o spotter mais ousado, ao tentar se aproximar das cercas, seja abatido por uma escopeta das forças policiais. E depois, sangrando, moribundo, tenha de comprovar sua identidade e explicar suas intenções...

Exageros à parte, em 1998 isso não era assim: podia-se calmamente ficar próximo ao ponto de espera da 26R, fotografando line-ups e pousos nesta cabeceira. Ou ainda, no Parking Sul, adjacente à entrada dos terminais, que oferecia uma visão espetacular da 09L. Esta pista, por ser mais longa, é sempre usada nas decolagens de widebodies com peso máximo, os L-1011, MD-11 e 777 da Delta com destino à Asia ou Europa, que rodavam fotogenicamente frente às minhas lentes. (Veja a foto do MD-11 da Delta e do DC-10 da World).

Outra posição interessante é o hangar de manutenção sul, acessível pela Perimeter Road que circunda todo o aeroporto. Lá sempre tem algo interessante parado. No meu caso, era um DC-8-71 da BAX (vide foto). Mas em relação à parte sul do aeródromo, este é um dos únicos pontos úteis: de resto, a estrada fica abaixo do nível das pistas: fotografar é impossível. 

Tente também sua sorte nas cercanias da área indicada como General Aviation (parte norte). Das cercas é possível fotografar bizjets interessantes e quem sabe, algum cargueiro indo e vindo para o terminal adjacente, "all-cargo", que hospeda a UPS, e Fedex, DHL e outras. Pode-se também tentar alguma foto por lá, como esta do 737 da Nations Air.

E, claro, da sacada de seu quarto no Radisson. O A340-200 da Sabena, o Convair da Contact foram fotografados de lá. Por fim, naqueles dias pré-Binladeanos, era possível entrar nos terminais mesmo sem ser passageiro, isto é, sem apresentar um boarding pass. 

Das amplas janelas (de vidro fumê) era possível fotografar os aviões taxiando e entrando/saindo dos gates. Podia-se ir do primeiro até ao último dos cinco terminais (este é o internacional) para se fotografar, por exemplo, os 777 da BA e outras coisinhas apetitosas. Hoje, é preciso ser passageiro para ter acesso aos terminais. Vai-se de um ao outro por um trem subterrâneo (coisa chique!) que une todos os cinco enormes complexos.

Enfim, eram possibilidades maiores naqueles dias. Quem sabe, um leitor mais destemido do jetsite não tenta a sorte, enfrenta os policiais de Atlanta e nos manda um report atualizado de como andam as coisas no Gigante Dixie? Na escuta...

 

Gianfranco Beting

 

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