EDITORIAL  |  REPORTAGENS  |  FLIGHT REPORTS  |  AEROPORTOS  |  AERONAVES  |  COMPANHIAS AÉREAS  |  ACIDENTES

 

FLY 9133



Começamos este Flight Report em Fortaleza, onde termina o vôo FLY 9132 e começa o vôo FLY 9133, com destino a Guarulhos e escala no Tom jobim. A aeronave no vôo de hoje é o Boeing 727-200 de matrícula PP-BLR, ex-Continental Airlines, configurada para 10 passageiros na Fly Class e 151 na econômica.

A tripulação me convidou para um walk-around,conhecida no Brasil como "Volta Oímpica", que é o procedimento feito para examinar visualmente a aeronave, conferir os cuidados em terra, as condições externas do avião, verificando as partes móveis, trens de pouso, etc. Tudo em ordem.

Fui convidado a assistir a decolagem na cabine. Com 111 pessoas a bordo, o PP-BLR teve as portas fechadas as 13:20, hora local, ou 14:20, hora Brasília. Push-back as 13:23, taxi aos 27, decolagem com subida LINO as 14:30. Depois de estabilizado a 31.000 pés, voamos a mach 0.80.

Voltei ao assento, que desta vez era o 13F, na econômica. Na Fly Class agora haviam 7 assentos ocupados. Na econômica, começava a ser servido o almoço, composto por uma salada fria de frango, razoável. A sobremesa era uma tortinha de chocolate e estava bem boa. Cervejas e refrigerantes foram oferecidos. Na Fly Class foi servido, além de frios e frutas, um almoço com opção de prato quente: medalhão de filé com arroz e espinafre ou frango com batatas. E um pudim de leite, de sobremesa.

A aeronave tinha pouco mais da metade de sua capacidade ocupada, o que permitiu uma acomodação confortável para quase todos. Alguns tomaram 3 assentos para sí e se esticaram, dormindo no trajeto.

Enquanto voávamos ao Rio, começei a escrever esta matéria e algumas das reflexões a seguir, embora não façam parte especificamente de um Flight Report, encaixam-se na análise do vôo e da situação atual de nossa aviação. Sou levado a dizer o seguinte: ainda bem que existem opções de voar hoje em dia no Brasil.

Na data deste vôo, quatro de dezembro, exatamente um ano antes a Transbrasil amanhecia no chão, sem poder voar pela primeira vez em sua longa história. Onze anos antes, em 4 de dezembro de 1991, a Pan Am fez seu último vôo, por coincidência num Boeing 727-200.

Estava disfrutando de um vôo tranquilo e pagando na classe econômica R$ 429,00. Poderia ter voado na BRA por ainda menos: R$ 371,00. A Vasp cobraria R$ 588,00 (R$ 1.512,00 na executiva); a Gol R$683,00; a Varig R$725,00 (R$ 1.442,00 na executiva) e a TAM R$ 725,00. Preços obtidos diretamente nas empresas.

O fato é que gostei da Fly, depois de ter feito 5 trechos num dia. Não fosse o atraso na partida, teria sido uma viagem virtualmente perfeita. Pelo que paguei, por voar no confortável e silencioso Boeing 727, por dar chance a mais uma empresa aérea brasileira de buscar o seu lugar no céu, acredito que voar Fly seja uma boa escolha.

Décadas de um mercado fechado, cartelizado, produziram empresas aéreas ineficientes, que hoje operam com dificuldades. A Fly, embora não apresente um serviço inovador como a Gol, de qualidade como a TAM e Varig, ou barato como a BRA, parece ter encontrado seu nicho no mercado.

O Brasil precisa e merece continuar a ter os serviços de todas as empresas que aí estão e algumas mais. Se o Brasil nos próximos anos irá crescer como o previsto, haverá espaço para a competição entre a Fly, Gol, BRA, TAM (quanta empresa com 3 letras!) Vasp, Varig e outras que deveriam surgir...

Voltando ao vôo: Iniciamos o procedimento para pouso na pista 10 do Tom Jobim, onde tocamos no solo as 17:20, hora local, depois de 02:50 e vôo. Turn-around foi de 36 minutos. Outro longo táxi ate a pista 10 e decolagem as 18:09. Quarenta e um minutos depois a pista 09R foi beijada pelas rodas do PP-BLR, outro pouso suave.

Ao longo do dia, foram 5 trechos, 07:52 de vôo, 3265 milhas voadas, 10 horas e 50 minutos a bordo do 727, que ao longo dessa jornada de trabalho, transportou 512 pessoas. Passei pelas capitais de 4 estados, voando horas a fio sobre um país que é rico em oportunidades e que não merece e não será bem servido com a centralização da oferta em apenas duas empresas aéreas.

É por isso também que empresas como a Fly merecem nosso apoio, como viajantes e como brasileiros. É a existência de várias empresas aéreas que garantirá melhor qualidade (através de livre e honesta competição) e preços mais em conta para nós, passageiros.

Avaliação: notas vão de zero a dez.

1-Reserva: Nota 5.
Não pude retirar o bilhete no aeroporto, tendo de ir até a loja. O atendente não me informou sobre a Fly Class, eu é que tive de perguntar.
2-Check-In: Nota 3.
Duas posições: resultado? Atrasou o vôo.
3-Embarque: sem nota.
Não embarquei, prossegui na aeronave.
4-Assento: Nota 6.
Poltronas com pitch padrão de 31 polegadas, corretas.
5-Entretenimento: sem nota.
Não há.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Por todo o vôo, a mesma atitude, simpatia e eficiência, com todos os passageiros.
7-Refeições: Nota 6.
Apesar de nada inovadoras, estavam saborosas. Não havia prato quente.
8-Bebidas: Nota 6.
Cervejas e refrigerantes apenas.
9-Necessaire: sem nota.
Não é distribuida.
10-Desembarque: 7.
Posição remota em GRU nunca é agradável. Foi rápido, ao menos.
11-Pontualidade: Nota 6.
Chegamos atrasados em 45 minutos, consequência de um vôo com 4 escalas!

Nota final: 6,12

Comentário final: Embora esta nota seja menor do que o vôo até Fortaleza, ela é relativizada pelo fato de pagar quase 40% a menos que na ida. O pessoal de bordo da Fly continuou excelente e, ao final, talvez seja um negócio ainda melhor do que voar na Fly Class. Vai depender da vontade da Fly de corrigir o produto de classe executiva, especialmente em terra.

Ah! Nunca é tarde também para agradecer especialmente ao Cmte. Cascardo pela gentileza de nos convidar para voar na cabine de comando!


Gianfranco Beting

 

Topo da página