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Airbus Perspectivas do Gigante Europeu


Quando em 1980 a Cruzeiro do Sul adquiriu dois widebodies Airbus A300B2, poucos no Brasil acreditavam que aquele quase desconhecido consórcio europeu pudesse representar uma concorrência séria para a então "dona absoluta" do mercado, a norte-americana Boeing. No ano seguinte, a Varig adquiriu dois A300 do modelo B4; em 1982, a Cruzeiro do Sul incorporou mais dois do mesmo modelo e... parou por aí. Parecia que as previsões dos "especialistas" estavam certas. Sem um bom apoio após-venda e sem uma agressiva equipe de vendas, a presença da Airbus no nosso país, exceto pelo fugaz aparecimento de um A310 que operou na Passaredo, ficou, pouco tempo depois, restrita aos três aviões da Vasp, a qual encerrou suas atividades em 2005. Porém (sempre tem um porém), estava escrito que, no final da década de 1990, mais precisamente em dezembro de 1998, a Airbus voltaria e, dessa vez para ficar, chegando, pouco tempo depois, a disputar corpo-a-corpo (ou será fuselagem-a-fuselagem?), o mercado brasileiro e latino-americano.

Em 1999, a TAM começou a operar seu primeiro A330-200 e, hoje, tem 103 aviões da Airbus, a maior e mais jovem frota do Brasil (71 A320, 15 A319, três A321, 12 A330 e dois A340-500). Satisfeita com a qualidade das aeronaves e com o apoio técnico, a TAM acrescentou à sua frota mais aviões desse fabricante tornando-se a maior operadora dessa marca na América Latina. Enquanto isso, a Boeing conta com cerca de 110 aeronaves no país, algumas já fora de linha e com mais de 30 anos de fabricação. A presença dos Airbus na frota da TAM deverá continuar a crescer no futuro. Nos últimos 18 anos, a frota da Airbus no Brasil passou de três para 103 aviões, com a participação no mercado passando de 2% para 44%.

De acordo com a Airbus, no Brasil operam, hoje, pouco mais de 200 jatos para mais de 100 passageiros e calcula que, daqui a 20 anos, a frota brasileira contará com 461 desses aviões, sendo 332 deles novos de fábrica, 107 serão aeronaves de segunda mão e 22 continuarão em serviço.

O fabricante calcula que dos 332 aviões novos, 248 serão de um corredor, do tipo A320 e 737; 76 serão widebodies, como os A330/A340, A350, 747, 777 e 787; e oito serão aviões muito grandes, como o A380. Atualmente há 22 vôos diários entre São Paulo e as principais capitais européias, os quais poderão ser substituídos por 10, utilizando aviões do tipo A380.

No que se refere à América Latina, a frota de aeronaves Airbus triplicou nos últimos sete anos e, os últimos 12 meses, corresponderam ao período de maior êxito da Airbus na região, com 200 aviões vendidos e com encomendas de mais de 300 aeronaves. Hoje, voam na América Latina 305 aviões Airbus, que representam cerca de 35% da frota em serviço e, no ano de 2010, esse total deverá aumentar para 50%. A quantidade de Airbus voando na região aumentou nos últimos dois anos, de 200 para 305 unidades. Hoje, há pouco mais de 600 aviões com mais de 100 assentos na América Latina. A Airbus prevê um total de 2.019 aviões para 2028, dos quais 1.448 serão novos, 504 serão substituídos por modelos usados, porém mais novos, enquanto 67 continuarão em serviço.

De janeiro de 2007, a abril de 2008, a Airbus firmou contratos importantes com a TAM (22 A350XWB, 20 aviões da família A320 e quatro A330), LAN (15 da família A320), Matlin Patterson (seis A330-200F), Sinergy Aerospace (10 A350 XWB e 20 A319/A320), TACA (15 A319/A320) e Volaris (14 A319).

O fortalecimento do mercado latino-americano é comprovado com a taxa de crescimento do tráfego de passageiros, que será de 6,2% anuais nos próximos 20 anos. Esse total ultrapassa bastante a taxa de crescimento prevista para todo o mundo, que deverá ser de 4,9%.

O aumento da participação da Airbus na região, tem sido uma constante nos últimos anos. A Airbus fez uma importante penetração no mercado em 1998, quando a TAM, LAN e TACA fizeram uma encomenda conjunta de 90 aviões da família A320, com opções para outros 90. Este foi o maior contrato já firmado na história da aviação da América Latina. Desde então, a Airbus obteve 63% dos pedidos de compra feitos na região até hoje.

A LAN se associou ao clube de operadores da Airbus na América Latina em 1998, como um dos três clientes que fez uma encomenda conjunta de 90 aviões. Meses mais tarde, adquiriu seis A340-300. Em 2005, fez uma terceira compra de 40 aviões da família A320. Hoje, conta com 44 Airbus em operação e, demonstrando confiança total nos produtos Airbus anunciou, em 2007, a decisão de adquirir mais 15 aviões da família A320.

O programa de ampliação de frota da empresa TACA, sediada em El Salvador, levou a uma frota de 36 aviões de corredor único da Airbus (23 A320, nove A319 e quatro A321). Além do contrato conjunto inicial com a TAM e LAN, esta empresa adquiriu mais 14 aviões de corredor único da Airbus, que incluiu pela primeira vez na região o A321. Esta escolha da TACA se confirmou em junho de 2007, com um pedido adicional de 15 aviões da família A320.

A Mexicana de Aviacion, por sua vez, foi a primeira empresa aérea a colocar em serviço o A318, quando firmou um acordo em 2003 com a GECAS adquirindo 10 desses aviões. Desde então, sua frota Airbus tem aumentado consideravelmente e hoje é composta por 61 aviões em operação (10 A318, 20 A319 e 31 A320). A Mexicana é o segundo maior operador de aviões da Airbus da região.

Com a Interjet e a Volaris, a Airbus ganhou novos clientes no México. A Volaris assinou um acordo em 2006 visando adquirir até 56 novos A320 e, hoje, já voa com 14 deles. Em 2007, o contrato foi renovado com mais 20 A319. A Interjet, por outro lado, se tornou operadora da Airbus em 2005, quando encomendou mais de 20 A320. Hoje ela opera 11 A320 e tem outros 16 encomendados.

A Avianca, a maior empresa da Colômbia e a segunda mais antiga do mundo, recebeu seu primeiro A320 em fevereiro deste ano. A companhia baseou seu programa de modernização de frota em aviões Airbus, com um pedido de 60 aeronaves feito pela sua acionista controladora, a Sinergy (50 A320 e 10 A330-200). A Sinergy encomendou ainda 10 A350 XWB, com mais 10 opões, que poderão ser utilizados por suas afiliadas Avianca e SAM da Colômbia, Oceanair do Brasil ou VIP do Equador. A Air Jamaica opera uma frota de Airbus A320 e A321, além dos A340 de fuselagem larga, tendo mais de 16 aviões hoje em serviço.

A Aerolíneas Argentinas poderá se converter no primeiro operador do A380 na América Latina. (TAM, vamos deixar eles saírem na frente?). O Grupo Marsans, que detém o controle da companhia, assinou um memorando de entendimento em 2007, incluindo quatro A380,10 A350 XWB, 42 da família A320 e cinco A330.

Em março de 2008, a Aerolíneas colocou em operação seu primeiro A320 e receberá mais outros A320 e A330, que farão parte da sua frota nos próximos dois anos. A maior empresa argentina voa ainda com dois A310 e seis A340.

A Airbus também está presente no Equador, onde a TAME tem dois A320, e na Venezuela, onde a Conviasa opera um A340.

O mercado aeronáutico mundial mudou muito nestes últimos 28 anos, mas na América Latina, graças ao seu desenvolvimento, essas mudanças são mais evidentes, e aquele quase desconhecido consórcio europeu se transformou num gigante que não pára de crescer.

 

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